Isso é Bullying?
Publicado em : 06/11/2018
Muito tem-se ouvido falar em bullying e uma das questões é justamente essa...quando o “muito” banaliza o termo e para “tudo” dá-se o nome de bullying. Sendo assim vamos por partes, partindo do conceito da palavra.
O bullying é entendido como um comportamento agressivo que ocorre entre estudantes, numa relação desigual de poder. Fenômeno considerado frequente, compreende atos repetidos e intencionais de opressão, humilhação, discriminação, tirania, agressão e dominação de pessoas ou grupos, sem motivação evidente. A identificação do bullying é feita na persistência do comportamento hostil, repulsivo e intimidador contra a mesma pessoa ou grupo (FANTE, 2005; BAPTISTA; OSORIO, 2011).
Portanto, uma ofensa pontual, um xingamento numa partida de futebol por exemplo, não pode ser caracterizado bullying. Pode ser falta de educação, baixa tolerância à frustração ou algo parecido, mas não bullying por não ser um comportamento repetitivo ou com o intuito de autodefesa.
Interessante ressaltar a fragilidade emocional que se encontram nossas crianças e adolescentes. A falta de limites/regras numa etapa tão importante na vida de todos pode desenvolver um sentimento de poder, de autonomia em fazer o que se tem vontade, não levando em consideração o outro. Quando um colega não representa nenhum tipo de valor existencial para o adolescente, este se sente “autorizado” a fazer e falar o que se tem vontade, diminuindo o outro para se sentir exaltado.
A “vítima”, por sua vez, apresenta uma fragilidade inversa à descrita anteriormente. Com baixa autoestima, medo, ansiedade ou qualquer sentimento que favoreça seu retraimento, se sente incapaz de buscar ajuda nessa situação humilhante dando cada vez mais autonomia ao seu algoz. Sem romper essa relação doentia, suas consequências vão tomando proporções maiores. Baixa autoestima cada vez mais acentuada, dificuldade social, crises de ansiedade podendo chegar a um pânico, depressão ou até mesmo automutilamento.
O bullying pode acontecer de forma direta, representada por agressões físicas e verbais, mais frequente entre os meninos. As meninas utilizam formas mais sutis e as agressões ficam no nível das calúnias, difamação, indiferença e exclusão de grupos, ações que configuram o bullying indireto (BAPTISTA; Osorio, 2011; LOPES NETO, 2005).
Importante que os familiares, escola e amigos comuniquem à um responsável qualquer mudança de comportamento, mesmo que aparentemente banal, notada no adolescente (tanto do agressor quanto do agredido). Desta forma, quanto mais precoce for a ajuda, mais simples serão as intervenções e melhores serão os resultados.
Paula Maria de Castro – Psicóloga (CRP: 09/3610); Especialista em Psicologia Clínica e Organizacional; Cursos Avançados em Diagnóstico e Intervenção dos Transtornos do Neurodesenvolvimento; e Psicologia Escolar e da Educação.